"Todas as coisas me são lícitas; mas nem todas me convém."

"Eu ando pelo mundo prestando atenção em cores que eu não sei o nome. Cores de Almodóvar, cores de Frida Kahlo,Cores! Passeio pelo escuro,eu presto muita atenção no que meu irmão ouve E como uma segunda pele, um calo, uma casca,uma cápsula protetora Ai, Eu quero chegar antes ,prá sinalizar o estar de cada coisa Filtrar seus graus... Eu ando pelo mundo, divertindo gente, chorando ao telefone E vendo doer a fome, nos meninos que têm fome... "

O que não sei dizer é mais importante do que eu digo (Clarice Lispector)

"É o mesmo Sol que derrete a cera e seca a argila "- Antoine de Saint-Exupéry

"Aprendi com a primavera; a deixar-me cortar e voltar sempre inteira."

"Quanto mais me despedaço, mais fico inteira e serena."

...Que procuras? – Tudo. Que desejas? – Nada.
viajo sozinha com o meu coração.
Não ando perdida, mas desencontrada.
Levo o meu rumo na minha mão.

A memória voou da minha fronte.
Voou meu amor, minha imaginação...
Talvez eu morra antes do horizonte.
Memória, amor e o resto onde estarão?
... (Cecília M.)

Ecce ancílla dómini.

"Todo dia, a insônia me convence que o céu faz tudo ficar infinito"

"não há o que temer, embora o medo exista em nós,mas a fé nos faz mover montanhas."



quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

GRITO

O céu estava finalmente azul após semanas de chuva, e eu estava ali, sentada sobre um poço de pedras (exatamente entre um balde e uma galinha) rodeada por patos, cavalos, outras galinhas e uma quantidade que me parecia infinita de insetos ! E por alguma estranha razão, nada me fazia parar de olhar fixamente para esta porca ( prenha de outros sei lá quantos porquinhos) nem mesmo toda beleza encantadora que me cercava. Era como se ela estivesse tentando me dizer algo.
Não me contive, caminhei em direção à intrigante suina. Ela, caminhou em minha e pôs-se a fazer força por entre as tábuas da cerca que a prendia.
De imediato, pensei que ela achasse ser possível derrubar as barreiras à "focinhadas", (afinal era só uma porca). De repente ela até sabia da impossibilidade , mas sua ancia por liberdade era tamanha que ela tentava.
Talvez não fosse nada disso, ela poderia simplesmente estar se escondendo, para que não a vissem na sua condição miserável de vida: presa, comemendo resto dos outros animais, encontrando a felicidade num mergulho de lama. E ela sabia que suas crias que estavam por vir, teriam a mesma condição, esta, seria sua maior aflição !
Após um longo tempo tentando decifrar a cena, fui tomada por um lapso de racionalidade e percebi que tudo isso era loucura. Porcos não pensam, porcos não sentem, e ela sequer sabia o conceito de liberdade ou que um banho de mar é muito mais revigorante pra alma que o de lama.Porcos não falam, porcos são porcos !
Na dúvida, sem saber o que estava acontecendo, eternizei o momento em uma foto. Assim quem sabe um dia, alguém que não eu, capta entre um detalhe e outro o que de fato aconteceu.
Eu, se tivesse de arriscar um palpite, diria que ela sabe que se todos os dias ela empurrar um pouquinho aquela cerca... um dia ela cai.

Ju Fernandes
a foto foi tirada em jul/2007

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