O dia anterior já havia sido dificil, descobri que a casa onde minha tia mora ( por acaso, mesmo bairro onde anteriormente eu morava), estava condenada. Tivera de durmir no carro com sua família, pois não tinha acesso a outros bairros, nem poderia durmir em casa.
Acordo e resolvo ligar a TV enquanto me arrumo para ir dançar. Não, eu não estava sonhando, ( estava mais pra pesadelo), aquelas imagens ficaram ainda na minha cabeça: tanta água, tanto barro, tanta gente! Páro de me arrumar e fico em silêncio por uns instantes, perco a hora da dança, na verdade, perco a vontade de dançar ...
Troco de roupa e resolvo ir ao mercado ( comprar material de higiene pra doar).
Espero minha mãe pra fazer-me companhia.
Toca o telefone, dezenas de pessoa avisando que estava acontecendo um arrastão.
Arrastão?Como pode ? Tantas pessoas precisando de ajuda, morrendo, perdendo seus entes e casas. Já não é suficientemente calamitosa a situação?
Por instantes duvidei das informaçãos... eram cruéis demais para serem verdade.
Infelizmente, pouco tempo depois, passam policiais civis em minha rua - Correndo, suados, gritando, aflitos e armados.
Acompanho pela janela. Os olhos buscam cada movimento, cada detalhe. Mas só se via lojas fechadas; as poucas pessoas na rua não conversavam, murmuravam; a cidade antes viva, era agora: fantasma.
Então eu pergunto:aonde isso tudo vai parar ? se é que vai parar...
penso que nesses momentos, Deus deve olhar para baixo fazendo sinal negativo com a cabeça e pensar: Ah! se vocês deixassem ... é tão lindo o que sonhei pra vocês !
obrigada pelas lágrimas que me fugiram aos olhos quando terminei de ler.
ResponderExcluir'ah, se vocês deixassem... é tão bonito o que sonhei pra vocês'