Foi num sábado de muito Sol, que me chamaram pra mais esse serviço:
levar um pouco de alento e suporte as grávidas da comunidade de pescadores de Jurujuba.
As grávidas sempre me emocionaram de maneira especial.
Nunca entendi o porquê.
Talvez seja por saber da divindade que existe em gerar vida.
Um pedacinho de si, que representa o fruto de um amor.
Fiquei surpresa ao conversar com as mulheres da comunidade, e descobrir que muitas delas, também são pescadoras !
Mas algo maior ainda me ocorreu quando já pelas 11 da manhã, estava no topo do morro.
Sim, no topo, já não havia para onde subir;
(o termômetro lá embaixo marcava 37º neste dia)
Segurei nas mãos de uma senhora moradora da comunidade e disse:
Nossa !
aquele ali embaixo é a Baia de Guanabara?
Lembro a vocês leitores, que o trajeto é bem inclinado e não há escada ! apenas restos de entulho tornam a subida viável.
Idosos, grávidas e cadeirantes tem desse trajeto, seu caminho de casa;
e o fazem diariamente, varias vezes ao dia.
Ela, pesacadora de siri, abriu um sorriso que mal cabia em sua boca e respondeu:
É sim minha filha,
lindo não, é ?
Cada vez que chego aqui em cima, cansada,
olho pra baixo e agradeço a Deus por poder olhar o mar de tão alto todos os dias !
Não tem preço sabia?
olhei,
devolvi o sorriso à ela.
E concordei que realmente não tem preço,
assim como não tem preço , saber VER o mar e não apenas OLHAR,e em meio a tanta confusão e miséria, torná-lo confidente.
Esta senhora, assim como muitos outros que conversei,
tem em sua casa: siri, peixe e VIDA em abundância.
Pesca que sacia a fome e a alma.